quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Crônica - UMA NOITE ROMANA

Caros leitores, na Roma antiga, as noites eram de festas, bebidas e sexo. Eu nunca estive em Roma, mas creio que tive uma noite parecida, um dia desses. Estava com três amigos seguindo viagem para uma cidadezinha perto da serra. Chegamos ao local mortos de fome, e seguimos para uma lanchonete. Pedimos aqueles hambúrgueres monstruosos que vem de tudo dentro, desde passas até um molho verde que dizem ser caseiro.

Seguimos para casa.

Chegando ao local, percebemos uma movimentação intensa de jovens, uma iluminação chamativa e som alto. Estava acontecendo uma festa em nossa casa. Mas como assim uma festa?

Chegamos furiosos ao local, prontos para matar alguém. Tranqüilizamos-nos assim que vimos muitas meninas bonitas no mesmo local, e algumas delas beijando-se. Ao vermos aquilo era um tamanho desperdício terminar com aquela orgia toda. Pegamos uma cerveja e começamos a entrar na festa.

Os homens em grande maioria, só olhavam as coisas inusitadas que aconteciam naquela festa: Pessoas bêbadas caídas ao chão, sem roupas, loucos, transtornados e muito fogo. Seria necessário um grupamento inteiro para apagar um incêndio que acontecia entre um magrelo de alargador e uma guria de cabelo verde.

Duas meninas loucas se apresentaram a nós dizendo em alto e bom som que queriam “SEXO”. Aquilo foi mais engraçado do que chocante, porque as duas pareciam moradoras de Woodstock, mobilizadas pelo movimento indígena.

Preferi continuar com minha cerveja e quieto no meu canto. Um dos meus amigos foi se aventurar com as duas, os outros dois resolveram seguir meu exemplo.

As inconseqüências continuaram a noite toda. Tão crítico estava o problema que vimos um rapaz, ajoelhado em frente a um pau de visgo, pedindo perdão a não sei quem e esfregando sua axila no local.

Em torno de cinco horas da manha ouvimos sirenes. “Agora F....” – eu disse. Pensamos rapidamente o que poderia ser feito, como poderíamos fugir, e se fosse o último caso se afogar na privada do banheiro.

Vemos que a genialidade de alguns seres se aflora quando seus sentidos são libertados. Um rapaz muito alcoolizADO, drogADO e tudo que há de ADO. Sugeriu:

“Quando eles chegarem, vocês fiquem os três em um canto olhando fixamente um para o outro, assim que perguntarem o que houve digam que o Zoim passou por aqui.”

Estávamos sem opção e muito desesperados para aceitar uma sugestão daquelas e de um cara naquele estado.

Bom, fomos para o canto e aguardamos, quando os policiais chegaram, era a típica visão do famoso seriado “O Gordo e o magro”. Eles passavam exatamente essa imagem.

Quando fizeram a decretada pergunta ouviu a resposta ensaiada “O Zoim passou por aqui”.

Eles foram embora no mesmo instante e sem encostar em nada. Ficamos muito assustados sobre a reação deles, de irem sem mais nenhuma pergunta.

Nunca tive curiosidade em perguntar depois aquele bêbado quem é “Zoim”, mas provavelmente deve ser um poderoso traficante, um grande político ou talvez o bêbado que estava deitado no chão. Mas naquela noite “Zoim” salvou meu dia. É meu herói.

Agora só resta ele também limpar, vômitos, roupas rasgadas, bebidas espalhadas e muita farra pela casa.

Por isso estou indo nessa, porque meu pé está apoiado em um corpo semi-vivo, o notebook em uma mesa molhada de cerveja, e o cheiro está insuportável. Mas como dizem os criadores “senão anotar, eu esqueço”.


Denis Poggian - Cronista cômico e romântico

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